Folia de Reis em Valença (RJ)
Uma tradição popular
O costume de homenagear os Magos do Oriente chegou à América Portuguesa através da colonização, tornando-se pratica regular em várias localidades do país, assumindo diferentes formatos. A Folia de Reis celebra o nascimento do Menino Jesus e se propõe a representar a peregrinação e adoração deste pelos Magos do Oriente. É amplamente praticada em toda a Região Sudeste.
Os grupos se formam a partir de uma promessa (sempre de sete anos) ou por devoção permanente aos Santos Reis. Realizam jornada (ou giro) de treze dias (entre 25 de dezembro e 6 de janeiro) visitando casas, numa confraternização de fé. Os devotos os recebem, reverenciando os Santos Reis e esperando deles colher bênçãos para sua vida e seus entes queridos. Os grupos operam com pessoas desempenhando diferentes funções e sob certos princípios hierárquicos. A liderança cabe ao Mestre-Folião.
Os devotos os recebem, reverenciando os Santos Reis e esperando deles colher bênçãos para sua vida e seus entes queridos.
O elemento de maior reverência na Folia de Reis é a Bandeira. Ocupa posição central no desenrolar da jornada, e mesmo fora dela, pois é sempre guardada em condição respeitosa. Tem ao centro a imagem da sagrada Família com os Magos. Grande poder sedutor sobre observadores tem os Palhaços. Representam os soldados de Herodes, perseguidores do Menino Jesus. Vestindo máscaras e fardas coloridas gravitam em torno do grupo de instrumentistas, com certas liberdades e proibições.
O conjunto de saberes que orienta as práticas da Folia de Reis é chamado de “Fundamentos”, tendo a Bíblia como principal referência documental. A oralidade é o mecanismo primordial de transmissão de saberes.
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Marluce Magno | PPGMS / UNIRIO
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Marluce Reis Magno
Graduada em História (2013) pela UNIRIO. Mestre (2016) e Doutoranda em Memória Social pelo PPGMS/UNIRIO.
Graduada em História (2013) pela UNIRIO. Mestre (2016) e Doutoranda em Memória Social pelo PPGMS/UNIRIO.
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Cartografia
Em termos quantitativos, a cartografia revela presença de Encontros de Folia de Reis em toda a Região Sudeste, com maior incidência ao norte de São Paulo e no sul e região metropolitana de Minas Gerais. No Rio de Janeiro destacam-se as regiões metropolitana e sul fluminense.
Mais detalhes em MAGNO, 2016, p.138-140.
REGIÃO SUDESTE:
Distribuição Regional das Festas de Santos Reis por Tipos
SILVA, Affonso M. Furtado. Reis Magos: História – Arte – Tradições: fontes e referências. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial: 2006.
Legendas
A: Local,
B: Regional e
BB: Regional de Grande Expressão
Regiões Estaduais e Mesorregiões (IBGE)
I - Noroeste de de Minas
II - Norte de de Minas
III - Jequitinhonha
IV - Vale de de Mucurí
V - Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
VI - Central Mineira
VII - Metrpolitona de Belo Horizonte
VIII - Vale do Rio Doce
IX - Oeste de Minas
X - Sul / Sudoeste de Minas
XI - Campo das Vertentes
XII - Zona da Mata
Espírito Santo
I - Noroeste Espírito Santense
II - Litoral Norie Espírito Santense
III - Central Espírito Santense
IV - Sul Espírito Santense
Rio de Janeiro
I - Noroeste Fluminense
II - Norte Fluminense
III - Centro Fluminense
IV - Baixadas
V - Sul Fluminense
V - Metropolitana do Rio de Janeiro
São Paulo
I - São José do Rio Preto
II - Ribeirão Preto
III - Araçatuba
IV - Baurú
V - Araraquara
VI - Piracicaba
VII - Campinas
VIII - Presidente Prudente
IX - Marília
X- Assis
XI - Itapetininga
XII - Macro Metropolitana Paulista
XIII - Vale Paraíba Paulista
XIV - Litoral Sul Paulista
XV - Metropolitana de São Paulo
Calendário
Dezembro
Missa do Envio (Benção das Bandeiras)
Ocorre no 3º domingo do Advento (aproximadamente 1 semana antes do Natal), na Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória (Centro).Abertura da Jornada
Na noite de 24 de dezembro, uma casa é escolhida pelo grupo para início da jornada. Em geral, na "sede" da bandeira (onde fica guardada ao longo do ano).Jornada
A jornada é realizada nas casas dos devotos, por todo o município, porém há concentração maior no distrito-sede. A partir da zero hora de 25 de dezembro até 6 de janeiro - todos os dias, exceto 31 de dezembro. A maioria dos grupos sai ao final do dia (19 horas), quando muitos dos componentes já concluíram o expediente no trabalho.Janeiro
Encontro de Folias de Reis de Valença
Nos dias 5 e 6 de janeiro, a partir das 18 horas, no adro da Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória (Centro), acontece o Encontro de Folias de Reis de Valença.Encerramento da Jornada
No horário escolhido pelo grupo, é feito o encerramento da jornada na casa escolhida pelo grupo - em geral, na "sede" da bandeira.Missa dedicada aos Santos Reis
Iniciando entre 16 e 18 horas, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória (Centro), é realizada Santa Missa dedicada aos Santos Reis. Um grupo participa da missa, representando todos.Sem data fixa
Baile de Reis (Festa do Arremate)
O Baile de Reis pode ocorrer em qualquer dia do ano, fora da Jornada. É definido por cada grupo, que evitam coincidir datas. Normalmente acontece no local da "sede" da bandeira de cada grupoReferências
MAGNO, Marluce.
Culturas populares, Políticas Públicas e Patrimonialização: (Des)encontros na Folia de Reis de Valença, Rio de Janeiro.
Dissertação (Mestrado em Memória Social). UNIRIO, Rio de Janeiro, 2016.
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Patrimônio, turismo e culturas populares: vários agentes, múltiplos desafios.
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http://www.seer.ufal.br/index.php/ritur/article/view/7086
MAGNO, Marluce; ABREU, Regina.
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A bandeira é o santo e o santo não é a bandeira: práticas de presentificação do santo nas Folias de Reis e de São José.
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Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Rio de Janeiro, UFRJ, 2003.
http://objdig.ufrj.br/72/teses/604131.pdf
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https://www.dropbox.com/s/absu0011ifxw7q4/Fonseca_Edilberto%20J%20M_Tese-Temerosos%20Reis%20dos%20Cacetes.pdf?dl=0
FRADE, Cáscia.
O saber do viver: redes sociais e transmissão do conhecimento.
Tese (Doutorado em Ciências Humanas, no curso de Educação). PUC, Rio de Janeiro, 1997.
GARCIA, Rafael Marin da Silva.
Lá no Céu Canta os Anjo, aqui na Terra Canta Nóis: um estudo etnográfico das práticas sócio-musicais dos foliões de reis no Sul de Minas Gerais.
Tese (Doutorado em Música). UFMG, Belo Horizonte, 2018. https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/AAGS-B8YF4G
GOMES, Jorge Ray da Silva.
O processo de criação e composição do cantar da Folia de Reis: uma experiência “musissacra”na cultura de Cardoso Moreira [RJ].
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http://www.pgcl.uenf.br/arquivos/dissertacaopronta_020920191514.pdf
GOULART, Rafaela Sales.
Sentidos da Folia de Reis de Florínea (SP): memória, identidade e patrimônio (1993-2013).
Dissertação (Mestrado em História). UNESP, Assis, 2016.
https://repositorio.unesp.br/handle/11449/141520
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A Folia de Reis de São José do Barreiro: recurso cultural brasileiro.
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MARINHO, Neide.
Folias de Reis: múltiplos territórios.
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As folias de reis e suas peregrinações rituais por territórios liminares urbanos.
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SOUZA, Luiz Mendel.
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Ponto Urbe, São Paulo, USP, v.24, 2019. https://journals.openedition.org/pontourbe/6280
SOUZA, Luiz Gustavo Mendel.
Giros Urbanos: Uma etnografia da festa do arremate da folia de reis de São Gonçalo-RJ.
Tese (Doutorado em Antropologia). UFF, Niterói, 2017.
JONGOS, CALANGOS E FOLIAS: música negra, memória e poesia.
Direção: Hebe Mattos e Martha Abreu.
LABHOI/NUPHEC/UFF e NUPHEC/UFF), 2007.
http://www.labhoi.uff.br/jongos-calangos-e-folias-musica-negra-memoria-e-poesia