Município do Serro/Minas Gerais

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Serro/MG:

território patrimonial

Serro, município patrimonial que vem enfrentando o contínuo assédio de projetos minerários predatórios de extração de minério de ferro. Atualmente há processos de pedido de conformidade solicitados pelas pelas empresas Herculano (01514.000269/2019-87) e Ônix (01514.000554/2021-12) que se encontram em análise pelas equipes técnicas de patrimônio arqueológico, edificado e imaterial da Superintendência do IPHAN em Minas Gerais. 

O Serro foi o primeiro município no Brasil a ter seu conjunto  histórico e arquitetônico tombado pelo IPHAN em 1938.
As áreas de exploração previstas nos projetos minerários dessas empresas estão a um raio de 5km do Centro Histórico do município, que resguarda preciosidades do barroco mineiro e da arquitetura colonial. Os estudos de impactos sobre patrimônio edificado produzidos pelas empresas tentam esconder e amenizar os graves riscos de abalos estruturais e na conservação destes patrimônios em decorrência do uso de explosivos, do volume de poeira e da trepidação em decorrência do grande fluxo de caminhões para o escoamento dos minérios. Da mesma forma, percebe-se graves omissões e inconsistências referente aos impactos sobre os cursos d'água, lençóis freáticos e o abastecimento de água para a população do Serro. 
Além disso, a população serrana é responsável por guardar e transmitir preciosos saberes e fazeres tradicionais - indígenas, afro-diaspóricos e quilombolas, coloniais e rurais - sob a forma de ofícios, expressões e celebrações do patrimônio imaterial.
A terra do queijo, patrimônio de Minas e do Brasil, é também terra das casas de farinha e moinhos de pedra, dos sistemas culinários do milho e mandioca que fundamentam grande parte da cozinha mineira, dos doces de tacho, dos temperos e preparos de pilão, das apanhadoras de sempre-viva (patrimônio agrícola mundial), dos congados e festas do Rosário, de folias de reis, da capoeira, dos toques dos sinos e sineiros. Os impactos sobre as águas e lençóis freáticos, a poluição do ar e o modelo econômico exploratório e centralizado dos empreendimentos minerários podem provocar danos irreversíveis sobre os modos de vida tradicionais e suas dinâmicas, sobre o manejo das sempre-vivas no cerrado, sobre a agricultura familiar, sobre a criação do gado leiteiro, dentre tantos outros. Os estudos de impacto produzidos pelas mineradoras são superficiais e desconsideram a consulta livre, prévia e informada prevista pela Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho.

O Serro e seu município vizinho de Santo Antônio do Itambé, que também vêm enfrentando a luta contra a mineração predatória na região, abrigam águas nascentes de rios formadores das bacias do Jequitinhonha, São Francisco e Doce e importantes áreas de conservação dos biomas da Mata Atlântica e do Cerrado, configurando-se como pontos estratégicos da chamada “Caixa D’água do Brasil”. Em seus territórios, desponta o Pico do Itambé, ponto mais alto e coração da Serra do Espinhaço, Patrimônio da Humanidade declarado pela Unesco em 2005. A região compreende ao menos 14 comunidades e territórios quilombolas já identificados.

Textos em destaque

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Asssociação Brasileira de Antropologia (ABA)
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Prefeitura municipal do Serro/MG
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Cláudio Listher Marques Bahia

Movimentos Sociais

pelos patrimônios do Serro
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Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais

N'golo

A N’golo, fundada em 2005 por pessoas autodeclaradas quilombolas, é uma entidade que age na luta pela promoção de direitos das comunidades remanescentes e na articulação de políticas públicas, prestando também assessoria técnica, formação política e organização das comunidades quilombolas.

História
A N’golo, fundada em 2005 por pessoas autodeclaradas quilombolas, é uma entidade que age na luta pela promoção de direitos das comunidades remanescentes e na articulação de políticas públicas, prestando também assessoria técnica, formação política e organização das comunidades quilombolas.
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Movimento Pelas Águas

O Movimento Pelas Águas (2021) é um grupo local de moradores, professores, artistas, pesquisadores que habitam ou têm ligações com a região “pela luta contra a mineração predatória no Serro, em defesa do meio ambiente, da economia, patrimônio, cultura e sociedade local.”

Tem feito através das redes sociais divulgação e promovido ações de campanha a fim de manter a circularidade das informações, movimentando o enfrentamento e agindo na articulação pelos direitos da população serrana.

História

O Movimento Pelas Águas (2021) é um grupo local de moradores, professores, artistas, pesquisadores que habitam ou têm ligações com a região “pela luta contra a mineração predatória no Serro, em defesa do meio ambiente, da economia, patrimônio, cultura e sociedade local.”

Tem feito através das redes sociais divulgação e promovido ações de campanha a fim de manter a circularidade das informações, movimentando o enfrentamento e agindo na articulação pelos direitos da população serrana.

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Movimento Pela Soberania Popular na Mineração

MAM

O MAM é um movimento popular iniciado em 2012 no Pará no contexto enfrentamento a um grande projeto minerário, posteriormente expandindo para outros estados que sofrem com o neoextrativismo, como Minas Gerais, entre outros, tomando características nacionais.

Age na articulação contra violações aos Direitos Humanos e conflitos territoriais em regiões em que há projetos minerários. Promove conjuntamente a organização sociopolítica da popular a partir de ações e debates acerca de temas que envolvem o debate dos modelos extrativistas e os direitos da população que tem seus modos de vida intrinsecamente ligados à terra como indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

História

O MAM é um movimento popular iniciado em 2012 no Pará no contexto enfrentamento a um grande projeto minerário, posteriormente expandidndo para outros estados que sofrem com o neoextrativismo, como Minas Gerais, entre outros, tomando características nacionais.

Age na articulação contra violações aos Direitos Humanos e conflitos territoriais em regiões em que há projetos minerários. Promove conjuntamente a organização sociopolítica da popular a partir de ações e debates acerca de temas que envolvem o debate dos modelos extrativistas e os direitos da população que tem seus modos de vida intrinsecamente ligados à terra como indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

Vídeos

Depoimentos e falas dos detentores dos sabares e patrimônios
Aqui nesta seção estão documentários que possuem o Serro como terra fértil e cenário de manifestações culturais brasileiras em suas variadas formas: festas como a Folia de Reis; modos de fazer bebidas e comidas, ligadas a história brasileira, como a cachaça; depoimentos e saberes das remanescentes comunidades quilombolas presentes no território.

Remanescência (2015)

Remanescência: o que fica do todo após a retirada de uma parte. Nessa condição de remanescência sobrevivem duas comunidades: Baú e Ausente. Duas comunidades quilombola que em seus moradores guardam o que ainda resta de suas origens. Poucos ainda têm na memória cantigas de trabalho, de festa e de velório, o Vissungo e o Catopê. Em Remanescência tentamos registrar o que ficou desse todo após retiradas de pessoas, de vidas e de memórias.

"Aqui no Milho, a folia de reis" (2020)

Documentário sobre a Folia de Reis no município de Milho Verde (Minas Gerais).

Estrada Real da Cachaça (2008)

"O filme busca um reencontro com a realidade nacional através da mais brasileira das bebidas, a cachaça. Trata-se de uma investigação histórica, antropológica, sócio-econômica e poética que procura, ao longo da chamada Estrada Real, articular fragmentos significativos da trajetória da nação brasileira. Estrada Real da Cachaça propõe a reatualização de um percurso ancestral com o objetivo de mapear a presença da cachaça na cultura brasileira."

Outros Vídeos

Relacionados
Nesta seção você encontra produções audiovisuais sobre os diversos patrimônios imateriais e saberes tradicionais presentes no território do Serro, como as medicinas tradicionais, modos de fazer doces, cachaça e culinária em geral, festas, viola caipira, trançado de taquara, folia de reis, agricultura familiar, toque de sino e muitos outros saberes.
Trançados de Taquara
Um pé de que? Chá de Pedestre
Festa de Nossa Senhora do Rosário
Cachaça artesanal
Rapadura
Um pé de que? Quiabo da Lapa
Agricultura familiar
Quitanda
Toques de sino
Jabuticaba
Viola caipira
Carro de boi
Festa do Serro (Festa de Nossa Senhora do Rosário)
Apanhadores de Sempre Viva
Vissungos e afrobrasilidades por Mestre Ivo Silvério
O Serro e suas tradições - Visões de nossa terra nº 2

Outros Vídeos

Relacionados à discussão socioambiental, culturas e territórios
Os vídeos disponibilizados centram-se nas dicussões sobre a luta pelo território, a questão socioambiental e o campo patrimonial.
Webinar "Patrimônios, museus e re-existências: Culturas e Territórios"
Mineração, Patrimônio Cultural e Direitos Coletivos no Serro/MG
Sistemas agrícolas tradicionais: Semana do Meio Ambiente (ABA)
Territórios Tradicionais em Face das Cadeias de Produção Global no Neoextrativismo
Política ambiental e territorial: perspectivas para o futuro
"Território patrimoniais, conhecimentos tradicionais e impactos do neoextrativismo" - RAM 2023

Referências

para pesquisa
Aqui você encontra leituras sobre os patrimônios e manifestações culturais da região do Serro (MG), abarcando a formação sociocultural e espacial da cidade. Recomendamos também outras referências sobre o tema da mineração e o extrativismo.
ALMEIDA, Tiago. "Que bom que você veio sem avisar": notícias audiovisuais das ações locais exemplares dos apanhadores de flor do Alto Jequitinhonha. Dissertação (Mestrado), UNIRIO, Programa de Pós-graduação em Memória Social, Rio de Janeiro, 2018.

ANDRADE, Rudá K. Angu com Vissungo: Histórias e memórias da produção e consumo de Fubá no Alto Jequitinhonha. São Paulo, 2012. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em História Social, PUC, São Paulo.


CORRÊA, Joana. “No Rosário tem cuenda” – Vida e morte nos Reinados em Minas Gerais. Tese (Doutorado em Antropologia Cultural) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Rio de Janeiro, 2018.

LIMA, Daniela Passos. “Como é em cima, é embaixo”simbologias, mito e resistência dos Homens Pretos do Rosário do Serro. 2018. 153 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Estudos Rurais, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2018.

SOUZA, Kelly Diniz de; et al. Processo de formação socioespacial de pequenas cidades: o caso de Serro. Oculum Ensaios, vol. 12, núm. 1, enero-abril, 2015, pp. 141-155 Pontifícia Universidade Católica de Campinas; Campinas, Brasil.


COSTA, Tiago Geisler Moreira. A comunidade de Queimadas frente à expansão minerária no Alto Jequitinhonha: a defesa de um território. 2017. 108f. Dissertação (Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais - MESPT) – Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília. Brasília, 2017.
http://www.realp.unb.br/jspui/bitstream/10482/31323/1/2017_TiagoGeislerMoreiraCosta.pdf

Descolonizar o imaginário: debates sobre o pós-extrativismo e alternativas ao desenvolvimento. Gerhard Dilger, Miriam Lang, Jorge Pereira Filho (Orgs.); traduzido por Igor Ojeda. - São Paulo : Fundação Rosa Luxemburgo, 2016.
https://rosalux.org.br/wp-content/uploads/2021/09/Descolonizar_o_Imaginario_web.pdf

LEITE, Matheus. Por que somos contra o empreendimento minerário denominado “Projeto Serro”? Uma reflexão crítica sobre democracia e desenvolvimento inclusivo na cidade do Serro. Quaestio Iuris, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 1023-1068, 2020.
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/quaestioiuris/article/view/47156

LIMA FILHO, Manuel. Cidadania Patrimonial. Revista ANTHROPOLÓGICAS, Ano 19, 26(2):134-155, 2015.
https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/revistaanthropologicas/article/view/23972/19475

ZHOURI, Andréa.  Crise como criticidade e cronicidade: a recorrência dos desastres da mineração em Minas Gerais. Horiz. antropol., Porto Alegre, ano 29, n. 66, e660601, maio/ago. 2023
https://www.scielo.br/j/ha/a/vbTZ7tBRGJBwCPYxfpJkw9d/abstract/?lang=pt

ZHOURI, Andréa (org.). Mineração, violências e resistências: um campo aberto à produção de conhecimento no Brasil. Marabá, PA: Editorial iGuana; ABA, 2018
https://br.boell.org/sites/default/files/ebook_mineracaoviolenciaresistencia1.pdf

realização

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