Dança do samba

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Dança do samba:

um patrimônio nos pés

Dançar o samba, seja de terreiro, o partido-alto ou o samba-enredo é um saber herdado das diversas culturas africanas que aqui aportaram e tem sido, ao longo da história, passado de geração para geração. E todas essas danças fazem parte de um conjunto cultural que se tornou patrimônio imaterial brasileiro registrado no Dossiê Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, organizado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPHAN), em 2007, a pedido do Centro Cultural Cartola.

A chamada “dança no pé” é (..) muito mais do que um mero clichê porque envolve questões-chave como ancestralidade, sociabilidade e pertencimento a um grupo.

A chamada “dança no pé” é, segundo o próprio dossiê, muito mais do que um mero clichê porque envolve questões-chave como ancestralidade, sociabilidade e pertencimento a um grupo que tem relevância social em seus territórios.

Nesta pesquisa, o leitor encontra elementos cruciais para entender como as passistas mulheres resistem a uma série de preconceitos e estereótipos construídos historicamente para dançar o samba-enredo do jeito que elas querem, nas agremiações que mais arrebatam seus corações.

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Bárbara Pereira | PPGMS / UNIRIO

Meu encontro

com a pesquisa
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Bárbara Pereira

Doutora em Memória Social / UNIRIO

Os movimentos corporais das passistas das escolas de samba me chamam a atenção desde a juventude, quando frequentava a quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel nos ensaios de sábado à noite. O fascínio pela dança executada pelas mulheres que desfilam nas escolas de samba acabou se transformando em motor para a realização desta pesquisa que investiga os muitos elementos que envolvem ser passista nas agremiações que se apresentam no maior espetáculo da Terra.


Jornalista, mestre em educação e doutora em Memória Social pelo PPGMS/UNIRIO
Currículo

Os movimentos corporais das passistas das escolas de samba me chamam a atenção desde a juventude, quando frequentava a quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel nos ensaios de sábado à noite. O fascínio pela dança executada pelas mulheres que desfilam nas escolas de samba acabou se transformando em motor para a realização desta pesquisa que investiga os muitos elementos que envolvem ser passista nas agremiações que se apresentam no maior espetáculo da Terra.


Jornalista, mestre em educação e doutora em Memória Social pelo PPGMS/UNIRIO
barbarareginapereira@gmail.com

Vídeos

As passistas pedem passagem
Durante a pesquisa foram realizadas várias entrevistas com as passistas das escolas de samba. Aqui você encontra trechos das conversas com as detentoras do samba no pé, uma expressão que carrega múltiplos sentidos indo muito além do mero clichê, de acordo com o próprio Dossiê Matrizes do Samba do Rio de Janeiro.
Durante a pesquisa foram realizadas várias entrevistas com as passistas das escolas de samba. Aqui você encontra trechos das conversas com as detentoras do samba no pé, uma expressão que carrega múltiplos sentidos indo muito além do mero clichê, de acordo com o próprio Dossiê Matrizes do Samba do Rio de Janeiro.

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Imagens de

um patrimônio
Registros fotográficos feitos pela pesquisadora ao longo da investigação, que ocorreu entre os anos de 2015 a 2019.

Cartografia da dança do samba-enredo no Rio de Janeiro

Onde dançam as passistas?

A dança associada ao samba-enredo é executada principalmente nas escolas de samba. Ao longo do ano, passistas – homens e mulheres – se apresentam nas festividades realizadas nas quadras das agremiações da qual fazem parte. Além disso, há ainda os ensaios das alas, que costumam começar a se preparar para os desfiles – a principal apresentação - geralmente a partir do mês de julho. Atualmente, quase todas as escolas de samba organizam oficinas de formação de passistas para, entre outros motivos, descobrir novos talentos. Nesta seção, o leitor passeia pelas regiões onde se encontram as doze escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, espaços em que qualquer um pode dançar durante os ensaios com suas respectivas baterias, que acontecem quase sempre aos sábados à noite.

Legendas

Localização e endereço das escolas de samba

Zona Oeste

Mocidade Independente de Padre Miguel
Av. Brasil, 31146 - Padre Miguel, Rio de Janeiro – RJ

Zona Norte

Acadêmicos do Salgueiro
Rua Silva Teles, 104 – Tijuca, Rio de Janeiro

Estação Primeira de Mangueira
Visc. de Niterói, 1072 - Mangueira, Rio de Janeiro

Imperatriz Leopoldinense
Professor Lacé, 235 - Ramos, Rio de Janeiro

Império Serrano
Av. Min. Edgard Romero, 114 - Madureira, Rio de Janeiro

Paraíso do Tuiuti
Campo de São Cristóvão, 33 - São Cristóvão, Rio de Janeiro

Portela
Clara Nunes, 81 - Madureira, Rio de Janeiro

Unidos da Tijuca
Avenida Francisco Bicalho, 47 – Rio de Janeiro

Unidos de Vila Isabel
Boulevard 28 de Setembro, 382 - Vila Isabel, Rio de Janeiro

 

Baixada Fluminense

Beija-Flor de Nilópolis
Rua Pracinha Wallace Paes Leme, 1025 - Centro, Nilópolis  

Acadêmicos do Grande Rio
Almirante Barroso, 5 - Centro, Duque de Caxias

Niterói

Unidos do Viradouro
Avenida do Contorno, 16 - Barreto, Niterói

Calendário

Quando e onde.

A dança associada ao samba-enredo está diretamente atrelada às festas promovidas pelas escolas de samba, como as feijoadas e os ensaios nas quadras. Festejos que, por sua vez, têm como foco principal os desfiles das agremiações no Sambódromo. Ao longo do ano, as escolas cumprem um calendário extenso para se preparar para o momento do cortejo, quando disputam figurar entre as campeãs. Nesta seção, o leitor fica por dentro do que acontece nas agremiações nos meses que antecedem os desfiles, quando passistas de todos os pavilhões vão poder mostrar todo o samba no pé.

Março, abril e maio

Depois dos desfiles em fevereiro ou março - uma vez que a festa acontece de acordo com o período da quaresma relacionado à igreja católica - as escolas costumam fazer uma parada nas atividades e retomar a partir da escolha dos novos enredos para o carnaval do ano seguinte.

Agosto e setembro

Este é o período em que começam as disputas de samba-enredo nas quadras das agremiações. Enquanto isso, os carnavalescos e suas equipes desenham as fantasias e os carros alegóricos. A ala de passistas continua a ensaiar, mas a partir de agora com mais regularidade.

Novembro

Neste mês, já estão em andamento os trabalhos para a confecção de fantasias e alegorias nos barracões. Além disso, as comunidades iniciam os ensaios dos segmentos – como a ala de passistas - nos seus territórios.

Fevereiro ou março

Os desfiles das 12 escolas que compõem o Grupo Especial acontecem na Marquês de Sapucaí, desde 1984 também conhecido como Sambódromo.
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Junho e julho

Nestes meses, as alas de passistas de cada escola dão início aos ensaios para as apresentações nas quadras das agremiações.

Outubro

É o mês em que as escolas definem o samba com o qual vão disputar o título de melhor agremiação do Grupo Especial. Durante as disputas dos sambas, as alas de passistas costumam se apresentar nas quadras.

Dezembro e janeiro

Em novembro, as escolas dão início às gravações dos sambas-enredo para que o lançamento aconteça no dia dois de dezembro, Dia Nacional do Samba. Ao longo dos dois meses que antecedem o desfile, os ensaios nas ruas das comunidades (com as alas e todos os segmentos) estão a todo vapor, assim como os trabalhos nos barracões. Em janeiro também acontecem os ensaios técnicos das escolas de samba na Marquês de Sapucaí.
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Referências

para pesquisa

A historiografia do Carnaval foi inicialmente dominada por historiadores e jornalistas homens. Um cenário que começou a ser alterado, a partir da década de 1990, com a participação de pesquisadoras mulheres nos estudos sobre a festa. Nesta seção, o leitor encontra algumas das principais referências para a investigação sobre o universo do samba e do carnaval das agremiações da cidade do Rio de Janeiro.

PEREIRA, Bárbara. Estrela que me faz sonhar: Histórias da Mocidade. 1. ed. Rio de Janeiro: Verso Brasil Editora, 2013. (Coleção Cadernos de Samba).

PEREIRA, Bárbara. Malandragem: teu sobrenome é mulher. Organizadoras: Aline da Silva Novaes, Juliana Krapp e Rosana Corrêa Lobo. Rio Circular. Editora Autografia, 2016.

PEREIRA, Bárbara. Monumento ao samba no pé (p.23). Sal 60: uma revolução em vermelho, branco e negro. Organizador: Leo Antan. Editora Carnavalize, 2021.

PEREIRA, Bárbara; ABREU, Regina. Mulheres do Carnaval: uma história quase invisível. Revista Ciência Hoje. JAN/FEV, 2020.

AUGRAS, Monique. O Brasil do samba enredo. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.

BRUNO, Leonardo. Explode, Coração: histórias do Salgueiro. Ilustrações Eloar Guazzelli. Rio de Janeiro: Verso Brasil Editora, 2013. (Coleção Cadernos de Samba).

BURNS, Mila. Nasci para sonhar e cantar – dona Ivone Lara: a mulher no samba. Rio de Janeiro: Record, 2009.

CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar, 1996.

CAVALCANTI, Maria Laura V. de Castro. Carnaval carioca: dos bastidores ao desfile. Vol. 6. 4. Ed. Rio de Janeiro: Editor UFRJ, 2008. (Coleção História, Cultura e Ideias).

COSTA, Haroldo. Salgueiro: academia do samba. Rio de Janeiro: Record Funart, 1984.

COUTINHO, Eduardo Granja. Os cronistas de Momo: imprensa e carnaval na Primeira República. Vol. 5. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2006. (Coleção História, Cultura e Ideias).

DA MATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 6. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

DUARTE, Silva Valéria Borges. Passistas de escolas de samba: entre a técnica e a intuição em busca de profissionalização. 2015. Dissertação (Mestrado em Sociologia e Direito) – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.

FERREIRA, Felipe. O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

GIACOMINI, Sonia Maria. Profissão Mulata – Natureza e aprendizagem num curso de formação. 1992. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – PPGAS do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1992.

GOMES, Rodrigo Cantos Savelli. Samba no feminino: transformações das relações de gênero no samba carioca nas três primeiras décadas do século XX. 2011. Dissertação (Mestrado em Música) – Centro de Artes, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

GONÇALVES, Renata de Sá. A dança nobre do carnaval. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2010.

LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antonio. Dicionário da história social do samba. 1.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

MARQUES, Maximiliano Almeida Bastos da Costa. A cuíca está roncando: uma abordagem dos aspectos visuais das revistas carnavalescas de Walter Pinto dos anos 40 e seu diálogo com o carnaval carioca. 2018. Tese (Doutorado em Artes) – Instituto de Artes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

Motta, Aydano André. Maravilhosa e soberana: História da Beija-Flor. 1.ed. Rio de Janeiro: Verso Brasil Editora, 2012.

MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.

MUSSA, Alberto; SIMAS, Luiz Antônio. Samba de enredo: história e arte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

REGO, José Carlos. Dança do samba, exercício de prazer. Rio de Janeiro: Aldeia/Imprensa Oficial RJ, 1996.

SANTA-BRÍGIDA, Miguel. O maior espetáculo da Terra: O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro como cena contemporânea na Sapucaí. 2006. 255 f. Tese (Doutorado em Artes Cênicas) – Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006.

SIMAS, Luiz Antonio; FABATO, Fábio. Pra tudo começar na quinta-feira: o enredo dos enredos. Rio de Janeiro: Mórula, 2015.
Disponível em: https://issuu.com/morula/docs/pratudocomecarna5afeira_preview

SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. 2. ed. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.

SOUSA, João Gustavo M. Melo de. Vestidos para brilhar: uma epopeia dos grandes destaques dos carnavais cariocas. Rio de Janeiro: Rico Editora, 2018.

TINHORÃO, José Ramos. Primeiras lições de samba e outras mais. 1. ed. Curitiba: Instituto Glória ao Samba/Banquinho Publicações, 2018.

TOJI, Simone S. T. Samba no pé: carnaval e ginga de passistas da escola de samba “Estação Primeira de Mangueira”. 2006. Dissertação (Mestrado em Sociologia e Antropologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

TURANO, Gabriel da Costa. UES, UGES, FBES, UGESB, CES, CBES, E AESB! Que carnaval é esse? As instituições carnavalescas no processo de formação das escolas de samba. 2017. Tese (Doutorado em Artes) – Programa de Pós-Graduação em Artes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

VALENÇA, Rachel T.; VALENÇA, Suetônio S. Serra, serrinha, serrano: o império do samba. Rio de Janeiro: Record, 2017.

Dossiê Biografias e Trajetórias Negras do Samba Carioca. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Nº 21 – 2021.
Disponível em: https://acrobat.adobe.com/link/track?uri=urn:aaid:scds:US:63201d3a-cf2a-413d-989d-477d6179000d


Site
com artigos sobre escolas de samba
https://www.galeriadosamba.com.br


INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN. Dossiê Matrizes do samba do Rio de Janeiro: partido-alto, samba de terreiro, samba-enredo. Brasília, DF: Iphan/Minc, 2007.
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/DossieSambaWeb.pdf

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